Behind the LavaLine capítulo 4

O relato da experiência do atleta da Natural Extremo Rafael Bridi na travessia de slackline no Vulcão.

Uma travessia cheia de histórias.

Depois de todos os contratempos, os dias de ancoragem e a montagem dos equipamentos de slackline, finalmente estamos diante do momento que moveu tudo até aqui, está na hora da travessia.

Monte Yasur, Ilha de Tanna, Vanuatu, Pacífico Sul, 04 de abril de 2020.

Um local e um dia que ficarão marcados na história de nossas vidas. O momento em que olhamos para o tamanho do desafio que estabelecemos e principalmente para nós mesmos, estávamos prestes a vencer estes detalhes e toda sua imponência.

O céu era claro naquele dia. A incidência de vento não era expressiva, mas a fumaça vinda do vulcão criava as nuvens que pairavam sobre nós. Tudo a nosso redor produzia a atmosfera perfeita para o momento. Nossos olhos miravam a imensidão da paisagem desafiadora. Enquanto por fora éramos silêncio, por dentro a adrenalina gritava correndo por nossas veias.

Sabíamos que aquele momento não era importante apenas para a equipe e os atletas que fariam a travessia, mas para toda a comunidade global do esporte que nunca havia realizado o feito de atravessar um vulcão ativo. Nós não batemos recorde, estabelecemo-o.

Me preparei mentalmente, vesti o equipamento, me certifiquei de todos os pontos de segurança, olhei em frente a fita que sumia entre as nuvens de cinzas em seus mais de 261metros de extensão e dei o primeiro passo para uma das mais expressivas experiências de aventura da minha vida.

Precisei de muita concentração, as explosões frequentes eram altas e as ondas de deslocamento de massa aterroradoras. Meu corpo já havia estado em diferentes situações climáticas com mudanças bruscas de vento e temperatura, mas jamais havia experimentado a energia de um local como aquele.

Controle sobre a respiração, foco nos passos e equilíbrio mental.

Passo a passo eu vencia o desafio. Com máscara para evitar inalar a fumaça tóxica, eu seguia o caminho da fita, que parecia desaparecer em meio à fuligem suspensa. Quando estava quase no meio do percurso uma explosão tirou meu senso de equilíbrio e cai em direção ao calor que emanava do vulcão. A corda auxiliar, chamada de leash, impede que eu caia lá de cima.

Retornei à fita, me equilibrei e caminhei até a outra ancoragem. Inicie a caminhada de volta ainda mais focado e já podendo compreender melhor a magnitude e sensação desta travessia e cerca de 12 minutos após a minha saída cheguei ao outro lado. A emoção tomou conta do meu corpo. Alex, o outro atleta que estava realizando o feito junto comigo vem logo atrás, que sensação indescritível o sentimento de dever cumprido.

Duas travessias lindas, bem sucedidas, cheias de desafios e dificuldades, mas que foram realizadas elevando os feitos da prática esportiva do highline, por grande fator de ineditismo e complexidade nunca antes tentados. Confira algumas fotos durante a travessia

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Todos esses momentos protagonizados por nós foram também captados e narrados e estão sendo transformados em uma grande produção cinematográfica, para que a gente possa dividir nossa experiência com o maior número possível de pessoas.

Sabemos que estar lá em cima não é algo ao alcance de todos, mas os sentimentos ao fazer tudo isso podem ser divididos, transmitidos e multiplicados se pudermos, de alguma forma, transformar e motivar a vida e os sonhos das pessoas.

Este é só o começo da nossa jornada. Muitas novas aventuras ainda estão por vir.

Nada seria possível sem que houvesse uma grande equipe por trás, de pessoas que incentivaram nossos sonhos em diversas parte do mundo e tornaram nossos dias incríveis, felizes e transformadores, a todos, meu muito obrigado.

Thomas e Jackson Iakapas, Johannes Olszewski, Alexander Schulz, Marinus Spatzier, Felix Reichert, Marinus Spatzier e Equipe Natural Extremo.